No dia 29 de setembro de 2025, teve início em Changsha County, província de Hunan, a primeira edição do Festival Internacional do Café XingSha-África, sob o tema “China-África Coffee Bridge · World Xiang Encounter”. O evento marcou a inauguração oficial do Parque Industrial de Café de Hunan (Changsha), localizado no núcleo da Zona de Livre Comércio Aeroportuária, consolidando-se como uma base integrada de referência para toda a cadeia de valor do café.
Um Polo Estratégico para o Café
Com a proposta de unir “vantagens logísticas + laços com a África + identidade local de Hunan”, o novo parque industrial concentra cinco funções estratégicas: produção e processamento, armazenagem e logística, serviços de inovação tecnológica, experiências culturais e serviços de comércio.
Durante a cerimônia de lançamento, Changsha County e a Zona de Livre Comércio Aeroportuária assinaram 10 projetos-chave do setor cafeeiro, abrangendo processamento avançado, comércio, gestão de marcas e promoção cultural. Empresas locais de destaque, como Yanzhi e Hanjiangxue, firmaram parcerias estratégicas com exportadores africanos.
Para sustentar o desenvolvimento do setor, a Lingkong Group acelera a construção de armazéns climatizados, assegurando a qualidade do grão desde a origem até o consumo final.
Vantagens Logísticas e Comerciais
O dinamismo do setor já atraiu grandes players. Em junho, a Gekai Jinya, líder chinesa em comércio de café, transferiu suas operações de Xangai para Changsha County. Segundo seu diretor, Ma Jing, a decisão foi motivada não apenas pelas condições logísticas e políticas favoráveis, mas também pela perspectiva de maior escala no comércio com a África.
O primeiro desafio para a consolidação do polo é a origem do grão. Em 2024, a indústria do café na China superou RMB 300 bilhões (cerca de US$ 41 bilhões), com crescimento anual de 18,1%. A equação é clara: “a África tem os grãos, a China tem o mercado”, e Changsha se posiciona como elo estratégico, apoiado em infraestrutura logística e políticas de incentivo.
O Huanghua Bonded Zone implementou um modelo inovador de liberação aduaneira (“inspeção e liberação simultâneas”), reduzindo em mais de 50% o tempo de desembaraço. Além disso, os 40 mil m² de armazéns climatizados ampliaram a vida útil do café verde de 8 para 18 meses. A localização estratégica de Changsha, integrada ao “círculo econômico ferroviário de 8 horas”, garante acesso rápido a quatro dos maiores clusters urbanos chineses (Beijing-Tianjin-Hebei, Delta do Yangtzé, Delta do Rio das Pérolas e Chengdu-Chongqing), alcançando 70% dos consumidores de café do país.
“Uma Zona, Quatro Centros”
A visão de longo prazo está estruturada no conceito “Uma Zona, Quatro Centros”:
Zona de Livre Comércio Aeroportuária: núcleo do projeto, voltado ao armazenamento, torrefação e exposição comercial;
Edifício de Comércio China-África (Parque Industrial): espaço para operações comerciais e sede de empresas, como Gekai Jinya e GCL Group;
Songya Lake Future Science City: polo de P&D, onde será inaugurado em 2026 o primeiro Museu Nacional do Café;
Centro de Exposição e Importação/Exportação & Zona de Feiras: destinado à exibição de produtos e serviços comerciais.
Atualmente, Changsha County já conta com 189 empresas relacionadas ao café, gerando receitas de RMB 620 milhões. Desde o lançamento da estratégia, foram assinados 21 novos projetos, totalizando investimentos superiores a RMB 1,7 bilhão.
Força de Marca e Cadeia Completa
O fortalecimento da cadeia industrial impulsiona marcas locais emergentes. A XiaoKaZhu conquistou mercado com cafés americanos a RMB 8, apoiando-se no modelo de compra direta, que reduziu custos em mais de 30%.
Outros exemplos incluem a Saturnbird (Sandunban), pioneira em café liofilizado e que desenvolve um complexo integrado para atrair fornecedores e distribuidores; a Gekai Jinya, que planeja construir uma unidade de processamento primário na Etiópia; e a plataforma digital ZhongKaLian, que visa integrar comércio, logística, dados e finanças.
Esse movimento tem estimulado o avanço na cadeia de valor: novas variedades de café desenvolvidas em cooperação com instituições chinesas e africanas, parcerias agrícolas na Etiópia com transferência de tecnologia e programas de capacitação de baristas e incubação de marcas locais.
Apoio Governamental e Metas Futuras
Políticas de incentivo complementam a estratégia: a isenção tarifária reduziu em 15% os custos de importação, e um Fundo Especial de RMB 20 milhões foi criado para apoiar a indústria cafeeira. Além disso, foi estabelecido um comitê de alto nível para agilizar a implementação dos projetos.
A meta de Changsha County é ambiciosa: atingir RMB 20 bilhões de valor agregado na cadeia cafeeira até 2029, consolidando-se como um polo de influência nacional e internacional.